Não
se assustem os caros leitores. Na verdade, numa semana em que se relembraram os
defuntos, a E.B. 2,3 D. Sancho I de Pontével ressuscitou o terrível e
sanguinário Guy Fawkes, através da recriação de um momento marcante da
história de Inglaterra, o momento em que um grupo de conspiradores tentou
explodir com o Parlamento Inglês e matar o rei Jaime I.
O
executante desse ato hediondo foi precisamente Guy Fawkes, um soldado Inglês.
Foi também Guy Fawkes que deu o mote à actividade “Guy Fawkes Day”, uma
iniciativa do Subdepartamento de Inglês
e da Biblioteca Escolar. Para além da divulgação do período histórico, a
actividade consistiu sobretudo na encenação da peça “A Conspiração, a Pólvora e
o Ardil”, da autoria da Professora Bibliotecária, no dia 5 de novembro de 2013.
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O impiedoso Sir Robert Catesby e o grupo de
conspiradores
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A
peça foi levada à cena pelos alunos do 9.º ano na Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense, que disponibilizou o
espaço e colaborou no apoio técnico a custo zero, e a quem desde já enviamos o
nosso muito obrigado.
A
actividade organizada em duas sessões, a primeira para os alunos do segundo
ciclo e a segunda para os alunos do terceiro ciclo, dirigiu-se a toda a
Comunidade Escolar e teve como objetivo divulgar a cultura e as festividades
Anglo-saxónicas e incrementar o gosto pela aprendizagem da Língua Inglesa,
através de um instrumento didático que se assume nos dias de hoje como uma nova
forma de comunicação no campo educativo: o teatro na escola.
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A carta para
Lord Monteagle que iria denunciar a tentativa de regicídio
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Tomando em
consideração que o teatro engloba as demais artes, sendo por isso a mais
completa forma de expressão, o mesmo cria as condições necessárias para a maturação
psicológica dos alunos e constitui-se indubitavelmente como um elemento fulcral
na formação integral dos mesmos, nas vertentes intelectual, ética, moral,
artística e social. O teatro é, antes de qualquer coisa, uma arte. Mas é uma
arte que se associa à história do homem e à própria história da comunicação
humana. Será pois sempre importante criar condições favoráveis ao
desenvolvimento do pensamento lógico e da criatividade dos alunos e estimular a
sua participação na representação de acontecimentos passados, já que a reflexão
daí decorrente permite-lhes comparar e reformular os mesmos, assegurando-se
deste modo a continuidade do processo cultural.
A educação e o
teatro - em toda a sua
multipliciadade e associado
às diferentes expressões culturais tais como a literatura, a música ou a
dança-, assumem-se, por conseguinte, como mecanismos primordiais de transmissão de cultura, e de
ampliação de horizontes que podem levar os alunos a serem eles próprios agentes
de transformação social. Quando bem utilizado, o teatro leva-nos a repensar a realidade e a
querer por vezes alterar a ordem instituída, dando-nos a coragem suficiente
para gritar: “O Rei vai nú!”
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O executante da conspiração é levado à
presença de Jaime I
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Provocar a reflexão - purificar, por meio de
catarse, o espírito do homem- é e será sempre a primeira
função do teatro. E este, com toda a sua magia, permite que os alunos analisem
o mundo que os rodeia de forma crítica e reconheçam o seu papel enquanto
cidadãos formados e condicionados pelo meio em que se inserem. Assim sendo, em termos
mais filosóficos, o teatro também incomoda, ao obrigar-nos a pensar o mundo.Para além
disso, a utilização de técnicas teatrais promove a integração e a
cooperação do trabalho em grupo e o próprio jogo
teatral contribui para o desenvolvimento do
equilíbrio emocional, do pensamento crítico, do corpo e da mente e logo
favorece a educação e o processo de ensino-aprendizagem. A função da escola não
é apenas a de ensinar conteúdos mas também, enquanto agente de formação,
viabilizar formas
de acesso ao lazer, à cultura, às práticas desportivas, e assim contribuir para
uma integração plena dos alunos na sociedade. Ao integrar o teatro no processo
de ensino-aprendizagem, a escola promove a formação integral do aluno, despertando o gosto pela leitura,
promovendo a socialização e, principalmente, melhorando a aprendizagem dos
conteúdos propostos pela escola. Ao integrar o teatro no processo de
ensino-aprendizagem, a escola contribui para o sucesso educativo ao desenvolver
características como a espontaneidade, a aceitação de regras, a criatividade, o
autoconhecimento, o sentido crítico, o raciocínio lógico, a intuição, o
conhecimento do grupo e de si próprio e de elementos de cultura.
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Casa cheia na Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense |
E no que concerne a
referências culturais, Guy Fawkes entrou definitivamente para a cultura popular
desta aldeia global em que vivemos - a sua máscara vende-se abundantemente nas
lojas chinesas e prolifera na internet enquanto símbolo revolucionário-, embora
muitos não saibam exactamente qual a sua origem. A figura de Guy Fawkes assume
no entanto contornos ambivalentes: um ícone de rebelião para muitos, veja-se o
filme V de Vingança, para outros a
imagem de um terrorista. De cada um dos lados da barricada, há quem celebre a
insurreição de Guy Fawkes e quem celebre a sua prisão. Longe de julgamentos
morais, compete à escola apresentar os factos do passado e levar os alunos a
querer ir mais além no conhecimento da cultura e da sociedade em que se inserem.
Por último convirá
dizer que a encenação desta peça serviu igualmente para reforçar os laços de
amizade entre alunos e restantes elementos da Comunidade Escolar e trazer à
escola uma arte que, da Antiguidade Clássica ao advento da Web 2.0, continua a
provocar um encantamento sem par!
E Senhores e
Senhoras, Meninos e Meninas, Lembrai, lembrai o 5 de Novembro! A conspiração, a
pólvora e a traição!
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A Professora Bibliotecária e o grupo de jovens atores do
9.º ano |
Para os que
desconhecem a festividade:
Na noite em que a
Conspiração da Pólvora foi descoberta, 5 de Novembro de 1605, acenderam-se
fogueiras para celebrar a segurança do Rei. Desde então, a noite desse dia
passou a ser chamada de “Bonfire Night” ou Noite das Fogueiras.
O evento é comemorado
todos os anos com fogo-de-artifício e com fogueiras onde é queimada a efígie do
Guy Fawkes, o executante da Conspiração da Pólvora. As efígies são feitas com
roupas velhas e enchidas com papel amassado de modo a que pareçam mesmo uma
pessoa, neste caso, o Guy Fawkes.
Estes “Guys” são
depois queimados na fogueira. Antes do dia
cinco de Novembro é costume as crianças andarem pelas ruas com o espantalho e
pedirem “A penny for the Guy” ou seja, “Um tostãozinho para o Guy”. Com o
dinheiro compram estalinhos e foguetes.
E para mais tarde recordar: