domingo, 23 de março de 2014

O Príncipe Feliz- Sessão de Promoção da Leitura

Com o objetivo de apoiar o desenvolvimento curricular - uma das principais missões da Biblioteca Escolar -, decorreram na Semana da Leitura do Agrupamento D. Sancho I de Pontével, várias sessões de promoção da leitura sobre O Príncipe Feliz do grande e carismático escritor Irlandês Oscar Wilde, obra de leitura extensiva obrigatória para as turmas do 9.º ano.
A narração da história por intermédio de um teatro de sombras ajudou a criar o ambiente encantatório para transportar os alunos para o universo, aparentemente simples, de O Príncipe Feliz. Também, a partir de um diálogo socrático que contou com a participação dos professores acompanhantes, discutiram-se os valores transmitidos nesta obra intemporal tais como a abnegação, a misericórdia, a compaixão e o amor e foram identificadas críticas declaradas às assimetrias sociais, ao regime político e até às conceções artísticas do século XIX.



Deixamos-vos agora o testemunho da aluna Mariana Ferreira do 9.º A sobre a nossa Semana da Leitura:

A leitura é uma forma de felicidade, é abrir os nossos horizontes a coisas novas…. E como não podia deixar de ser, a Biblioteca Escolar da minha escola, D. Sancho I de Pontével, mais uma vez comemorou a alegria da leitura na semana de 17 a 21 de março.

No âmbito da 8ª edição da Semana da Leitura e da comemoração dos 800 anos da Língua Portuguesa, foram realizadas várias atividades tais como a exposição “A minha Pátria é a Língua Portuguesa” - numa alusão a Bernardo Soares-, sessões de leitura pela escritora Manuela Castro Neves, vários concursos de desenho e de escrita criativa, e sessões de promoção do livro, nomeadamente “O Príncipe Feliz”, que se fez acompanhar de um teatro de sombras. Com um ambiente relaxante e com a imaginação para que o teatro nos leva, conseguiu-se mostrar a nós, alunos, o que é viver, e que por vezes temos de nos unir para ajudar o próximo. Depois de contada a história, fizemos um debate orientado sobre a mesma.
O Príncipe Feliz é uma história de amor supremo, em que a andorinha, dantes vaidosa, tola e egoísta, com a ajuda de um grande amigo, consegue aprender a ver para além da sua vida, para além do seu ser. Colaborando com o Príncipe Feliz, que só depois da morte descobriu toda a tristeza da sua cidade, pois a miséria representa um grande mistério mesmo para aqueles que não a sentem, ajudaram todos aqueles que mais necessitavam. Ao retirar a riqueza e a beleza que a estátua ostentava, proporcionaram a partilha de amor entre todos.

Foi espantoso ver a generosidade do príncipe e a fidelidade da andorinha para com ele, que era eterna, tal como o seu amor e a sua vontade de ajudar. E assim, a melhor forma de sermos felizes e recompensados é fazermos o bem ao próximo

Com uma história para crianças, e também para aqueles que já o foram, Oscar Wilde, o escritor de “O Príncipe Feliz”, lembra-nos que, como disse Fernando Pessoa, tudo vale a pena quando a alma não é pequena.

Eu, como aluna do nono ano, gostei particularmente desta atividade. Foi muito bom ouvir uma história assim, pois toca no coração de quem a ouve, e é sempre bom quando isso acontece.

Mariana Ferreira do 9.º A

Agrupamento D. Sancho I de Pontével
 

 
 

quinta-feira, 20 de março de 2014

Poesia ao entardecer - Semana da leitura 2014



Numa articulação entre a Biblioteca Escolar e o Subdepartamento de Português, decorreu no dia 20 de março de 2014, em antecipação do Dia Mundial da Poesia, uma sessão de leitura de poesia intitulada "Poesia ao entardecer" onde, e na senda da comemoração dos 800 anos da Língua Portuguesa, apenas se fizeram ouvir autores Lusófonos. 

Daniel Filipe, Natália Correia, Miguel Torga, Ary dos Santos, Camilo Pessanha, António Gedeão, José Saramago, Fernando Pessoa, Eugénio de Castro, António Aleixo, Florbela Espanca, e tantos outros, fizeram-se ouvir nas vozes dos alunos do 9.º B e D e de alguns alunos do 7.º D.

As palavras de "A Valsa" de Casimiro de Abreu saltaram, voaram, brincaram, bailaram na voz da Professora Rosa Fróis que, qual silfo risonho que nos sonhos nos vem, encantou com o seu fôlego e mestria.
E não minto. Eu vi! 




Numa lógica de crescente abertura da escola à comunidade educativa, a segunda parte da sessão teve como convidada de honra a Dr.ª Paula Leal, Encarregada de Educação de dois alunos do Agrupamento D. Sancho I de Pontével. 
Esta Encarregada de Educação deu-nos um significativo testemunho da sua relação com a leitura. Uma relação que começou muito cedo, há mais de trinta anos, quando a vinda da carrinha da biblioteca itinerante da Gulbenkian fazia a festa da pequenada e a leitura era a única distração.

Mais tarde Cyrano de Bérgerac e a história de uma mulher que se deixa seduzir pela magia das palavras encantou-a. José Saramago começou como uma obrigação escolar mas atualmente As intermitências da morte e a história de uma morte cansada de ceifar vidas faz parte das suas preferências. E apesar de não ter um livro da sua vida, O memorial do Convento é o seu livro preferido quando se fala do Nobel Português.




O jogo de Ripper de Isabel Allende, Ínclita Geração de Isabel Stilwell e A queda dos gigantes de Ken Follet foram alguns dos livros que nos trouxe esta grande leitora que também gosta de cruzar as suas leituras com as dos filhos que lhe copiam o hábito de acumular livros na mesinha de cabeceira. Realmente não basta explicar aos mais jovens o fascínio da leitura, é preciso dar-lhes o exemplo.
 
 
Agradecemos imenso a presença desta Encarregada de Educação que esperamos que seja também o motor de arranque para a participação mais frequente de mais Encarregados de Educação nas atividades da Biblioteca Escolar.

quarta-feira, 19 de março de 2014

A cadela amarela contada pelos alunos do 4.º F da EB1 de Pontével

Encontro com a escritora Manuela Castro Neves, natural de Pontével

Manuela Castro Neves, natural de Pontével, foi a escritora convidada para a Semana da Leitura 2014 do Agrupamento D. Sancho I de Pontével. Depois de trabalhados os livros O Elefante diferente que espantava toda a gente e A cadela Amarela e outros amigos dela na Biblioteca Escolar com todas as turmas da EB1 de Pontével, chegou finalmente o dia 19 de março, dia do Pai e dia de conhecer pessoalmente a escritora dos livros que foram do agrado dos alunos.
Sem outra marca de excentricidade que a sua sombrinha cor-de-rosa, Manuela Castro Neves chegou à Escola Básica D. Sancho I onde a esperava uma profusão imensa de desenhos sobre as obras lidas e o primeiro grupo do 1.º e 2.º anos. Depois de algumas perguntas sobre o seu percurso profissional e a sua incursão na escrita infanto-juvenil, Manuela Castro Neves conduziu um jogo de palavras e de rimas nas quais os pequenos grandes leitores participaram com entusiasmo e demonstrando conhecer a história na ponta da língua.


A segunda sessão iniciou-se com a leitura do reconto de A cadela diferente por alunos do 3.º e 4.º anos e que foram muito elogiados pela convidada de honra. O segundo grupo quis também saber mais sobre a vida pessoal e profissional desta ilustre cidadã nascida em Pontével que se assume como Professora - apesar de reformada continua a trabalhar com crianças que se atrasaram no percurso escolar - e que por isso mesmo prefere ser tratada por autora.

Contou ainda algumas histórias sobre a sua infância, dos lanches em casa de Maria de Almoster em que esta última lhe pedia para verificar a correção das rimas, de quando ainda miúda escreveu em verso ao escritor João do Vale e da correspondência em verso que mantiveram durante algum tempo - experiências que a seu ver talvez tenham sido responsáveis pelo seu gosto pelas rimas, embora agora gostasse de experimentar a prosa. Lamentou não conhecer muito bem a terra onde os seus pais começaram a namorar nos bancos da escola e onde depois acabaram por casar.
Após este momento mais intimista seguiu-se a leitura de outros textos da autora, mais jogos com rimas e o visionamento de alguns dos seus poemas mais emblemáticos. O encontro terminou com a já habitual sessão de autógrafos e a promessa de continuar a escrever para crianças.
Muito agradecemos a vinda desta autora que esperamos deixar uma marca indelével nas vivências destes pequenos grandes leitores. Agradecemos ainda a sua oferta do livro Tantos Animais e outras histórias de contar que ficará em breve disponível para requisição domiciliária.
Agradecemos ainda às Professoras da EB1 de Pontével a sua vinda e o apoio a esta atividade!


Confiram aqui os trabalhos dos alunos da EB1 de Pontével realizados a parttir da exploração das obras e que muito agradaram à nossa convidada: 








Para saber mais:




NomeManuela Castro Neves

NaturalidadeNasceu em 1958 em PONTÉVEL
Profissão : Professora do 1º Ciclo
Percurso Profissionalreformada do Ensino Público, trabalha actualmente no apoio a crianças que se atrasaram no percurso escolar.
Percurso: Ao longo da sua carreira, participou, em diversos projectos centrados nas problemáticas da relação escola/meios populares e promoção do sucesso escolar em zonas de Intervenção Prioritária.

É autora dos livros:
«Da Vida na Escola» (Edições Asa, 2006)«Pedagogia Intercultural» (Departamento de Educação Básica, Ministério da Educação, 1992)«Organização de Trabalho na Sala de Aula — Uma Prática Alternativa» — Projecto Gulbenkian R3 (Edição Fundação Gulbenkian, 2007)

LITERATURA PARA CRIANÇAS:
«Um Elefante Diferente» — literatura para a infância, (Ed. Caminho/Leya, 2009)«Uma Cadela Amarela» — literatura para a infância, (Ed. Caminho/Leya, 2012)

terça-feira, 18 de março de 2014

Histórias entre avós e netos - Semana da Leitura 2014

Numa das já muitas articulações entre a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica e a Biblioteca Escolar da Escola Básica D. Sancho I de Pontével ao longo do presente ano letivo, agora no âmbito das comemorações da Semana da Leitura, realizou-se no dia 18 de março de 2104, um Chá com Letras subordinado ao tema "Histórias entre avós e netos"que teve como dinamizadores os alunos da disciplina de EMRC e como convidados de honra os utentes do Centro de Dia de Pontével.

 

A "Párabola dos sete vimes" deu o pontapé de saída para outras leituras e a sessão culminou com um jogo em que os avós tinham de completar provérbios e responder a adivinhas lançados pelos netos. 

Após este encontro intergeracional à volta da leitura, os convidados tiveram ainda a oportunidade de apreciar a exposição "A espuma dos nossos dias" da responsabilidade da disciplina de EMRC que dá conta do dia-a-dia destes utentes no Centro de Dia de Pontével. 

Ler em várias línguas - Semana da Leitura 2014



Numa articulação entre a Biblioteca Escolar e o Departamento de Línguas, ainda no âmbito das comemorações da 8.ª Edição da Semana da Leitura, realizou-se no dia 18 de março de 2014, uma atividade intitulada "Ler em várias Línguas".

Participaram na atividade alunos das turmas A, C e D do 7.º ano e duas alunas do 8.º A através da leitura de textos selecionados nas línguas estudadas no Agrupamento D. Sancho I de Pontével: Inglês, Francês e espanhol. 

A atividade teve como objetivo sensibilizar os alunos para o plurilinguismo na Europa, cultivar a diversidade cultural e linguística e incentivar a aprendizagem de línguas estrangeiras, dentro e fora do contexto escolar. A União Europeia, de que Portugal faz parte, possui um imenso património linguístico: 23 línguas oficiais e mais de 60 línguas regionais ou minoritárias, além das línguas faladas pelas pessoas de outros países e continentes que vivem na Europa. 

De facto, nunca será demais comemorar a diversidade linguística e fomentar a aprendizagem das línguas, sobretudo porque as línguas são um dos fundamentos da construção europeia. De igual modo, numa sociedade tão globalizada como aquela em que vivemos, o domínio de línguas estrangeiras pressupõe mais possibilidades de encontrar um emprego e por conseguinte melhores condições de vida. 

Para além da vertente pedagógica que a atividade encerrou - a consciência precoce da diversidade linguística -, a mesma procurou subliminarmente contribuir para a aceitação do outro e o desenvolvimento de sentimentos de tolerância entre povos e culturas em redor de um bem precioso que não conhece fronteiras geográficas ou linguísticas: a leitura!

segunda-feira, 17 de março de 2014

O Pássaro da Alma - Semana da Leitura 2014

No âmbito das comemorações da 8.ª Edição da Semana da Leitura, realizaram-se de 17 a 21 de março, diversas sessões de promoção do livro e da leitura dirigidas a todas as turmas do 6.º ano e que tiveram como ponto de partida O Pássaro da Alma da escritora israelita Michal Snunit. Irene Vieira da Silva, assistente operacional da Escola Básica D. Sancho I de Pontével, conseguiu, com toda a sua generosidade e sensibilidade, transmitir toda a carga poética de uma obra que se tornou num bestseller a nível mundial e foi já galardoada com o Primeiro Internacional atribuído pela Fundação Espaço Crianças em Genebra no ano de 1993. 



Através de adereços encantadores e da leitura dramatizada desta obra, a nossa contadora de histórias conseguiu explicar, de forma igualmente delicada e poética, a relação entre a nossa alma - que vive no fundo do nosso corpo e que tem no centro um pássaro que sente tudo o que nós sentimos- e nós mesmos!

"O Pássaro da Alma tem imensas gavetas. Tudo o que sentimos tem uma gaveta"

Na segunda parte da sessão os alunos foram convidados a abrir uma gaveta da sua alma e descrever um sentimento, cumprindo também o desígnio desta obra, que é precisamente levar-nos a escutar o nosso Pássaro da Alma e conversar com ele sobre os sentimentos que guardamos nas inúmeras gavetas da nossa alma.  

O livro de Michal Snunit tem sido requisitado a toda a hora e já se tornou parte do quotidiano na biblioteca com alunos a dizerem "Hoje na aula abri a gaveta do desassossego!" e professores a pedir aos alunos para abrirem a gaveta do silêncio ou da sabedoria. 

   

Destaque para um dos momentos de partilha destas sessões em que as crianças e a Professora de Educação Musical retribuíram a história com uma sentida canção.

Os Dias do Cinema Português - Semana da Leitura 2014



No âmbito das comemorações da 8.ª Edição da Semana da Leitura realizaram-se na Biblioteca D. Sancho I - Pontével, diversas sessões subordinadas ao tema "Os Dias do Cinema Português - um olhar retrospetivo" da responsabilidade de Anabela Garrido, Assistente Operacional do nosso agrupamento, para duas turmas do oitavo ano . 

A leitura, na sua aceção mais simples, opera-se através da língua, mas esta também é possível através de sinais não-linguísticos. A leitura, em todas as suas vertentes e suportes, não se restringe à palavra escrita mas alarga-se ao mundo que nos rodeia. Cabe ao leitor, accionando um conjunto de conhecimentos prévios, atribuir um significado àquilo que lê, interpretando o mundo à sua volta. Deste modo, com esta sessão pretendeu-se exatamente fornecer um conjunto de pistas para descodificação da cultura visual a partir da análise da evolução do cinema realizado em Portugal. 

A sessão, através do visionamento de excertos de filmes, descreveu o nascimento do Cinema Português pela mão de Aurélio Paz dos Reis, seis meses após a apresentação do Cinematógrafo pelos Irmãos Lumière em Paris em 1825, passando pelo cinema mudo, a crise cinematográfica em Portugal, entre a instauração da República e o final da primeira Grande Guerra, pelo surgimento da Invicta Film que dá início à produção contínua de filmes Portugueses, pelo surgimento do cinema de comédia em 1933 com "A canção de Lisboa" realizado por José Cotinelli Telmo, pela vulgarização dos cineclubes, pela assunção das primeiras longas metragens nos anos setenta, até ao cinema da atualidade. 

domingo, 16 de março de 2014

Esta língua Portuguesa de José Jorge Letria - Semana da Leitura

A minha pátria é a língua Portuguesa - A poesia na Semana da Leitura

Ler o mundo através da Arte na Semana da leitura 2014

Da responsabilidade da Professora Teresa Campos, e no âmbito das comemorações da Semana da Leitura 2014, foi levada a cabo a Exposição "Ler o Mundo através da Arte".
 
 
Os trabalhos realizados pelos alunos tiveram como objetivos específicos desenvolver e estimular nos alunos o gosto pela arte, reconhecer a importância da arte no contexto nacional e internacional, desenvolver nos alunos a capacidade de distribuição dos elementos no espaço e levá-los a aplicar diferentes técnicas de pintura e diferentes riscadores bem como conhecimentos em termos da teoria da cor.
 
A partir de quadros famosos, os alunos fizeram as sua próprias criações artísticas, desenvolvendo a sua capacidade de ler e compreender o mundo através da arte.
 
A par dos trabalhos práticos, foram ainda realizadas diversas produções escritas sobre grandes nomes da pintura nacional e internacional.
 
 
 

sábado, 15 de março de 2014

Pontével A ler+

Dia 17 de Março, pelas 9.45h: Proposta de leitura e reflexão em sala de aula sobre um texto alusivo ao tema “ A minha pátria é a língua Portuguesa!”


Pretende-se que à mesma hora e em todas as Escolas do Agrupamento D. sancho I de Pontével, crianças e adultos se dediquem à fruição do prazer da leitura, assinalando-se também de forma simbólica o início da 8.ª Edição da Semana Nacional de Leitura.

Solicitamos por conseguinte a todos os Professores e Educadores que dediquem este período à leitura e reflexão em sala de aula sobre a importância da língua Portuguesa e da leitura a partir de uma leitura de um texto que considerem pertinente.

A Biblioteca Escolar, em articulação com o Departamento de Línguas, apresenta ainda as seguintes sugestões de leitura:

Pré-escolar: 


Gosto do Jardim-de-Infância

Gosto do Jardim-de-Infância
Porque cá posso brincar
Fazer lindas construções
Depois tudo desmanchar.
Ouvir histórias e canções
Depois ser eu a contar…
Correr, saltar e jogar
Conversar e partilhar…
Gosto do Jardim-de-Infância
Porque cá posso pintar
Das cores que me apetecer
Posso cortar e colar
Fazer prendas para oferecer
Dar passeios, fazer rodas
E dançar até querer!
Ensaiar quando há festas
Para tudo correr bem…
Nesse dia sou artista
Para o pai e para a mãe…
Gosto do Jardim-de-Infância…
É difícil de entender?
Tenho cá os meus amigos,
Muitas coisas para fazer!

CUSTÓDIO, Lourdes, "No Jardim de infância", Ambar, Colecção giroflé








1.º Ciclo:

Esta Língua Portuguesa 

de José Jorge Letria


A língua que falas e escreves
é uma árvore de sons
que tem nos ramos as letras,
nas folhas os acentos
e nos frutos o sentido
de cada coisa que dizes.

É uma língua tão antiga
como isto de ser Português.
Teve o latim por avô,
que primeiro foi romano,
depois bárbaro,
mais tarde medieval
ou copista do Renascimento.

A língua cresceu como o país,
que se alongou até ao sul
e depois chegou às ilhas,
vencendo os tormentos do mar.
O país ganhou a forma
de uma língua de terra
capaz de usar palavras
como “lonjura” e “saudade”.
(…)
A árvore desta língua
tem nos ramos o segredo
dos mistérios mais antigos
e também os frutos doces
da ternura sussurrada
ao ouvido de quem chega
para nunca mais partir,
tamanhas são as saudades
da terra lhe ficaram.

É uma língua bela e doce
com mãos cheias de sinónimos
e grinaldas de metáforas,
capaz de encher de ouro
a arca dos poetas
até ao fim dos tempos,
que o tempo desta fala
não prescreve nem acaba
com a sede de ser eterno
sem deixar de ser moderno.
(…)
A árvore desta língua
merece o mais belo jardim
que alguém lhe possa dar,
pois já foi a casa-mãe
de Bocage e de Pessoa,
de Cesário e de Alexandre O’ Neill,
língua feita pátria
de um povo que não pode
manchar com erros a fonte
da fala com que se escreve,
da língua com que se diz.
Esta é a língua dos meninos
que brincam com as palavras
e fazem delas brinquedos
para alegrarem o recreio
 das histórias mais bonitas
que alguém pode contar.
(…)
A árvore desta língua
tem substantivos e pronomes,
adjectivos e verbos,
vocativos e conjuntivos
e outras coisas mais,
arca de um velho tesouro
que todos temos guardado
para não deixarmos morrer
a grandeza do que somos
e que só há-de acabar,
voltando à cadência da rima,
quando Portugal se calar.
(…)
Esta é a árvore de tudo
o que se diz em Português
por não precisar de ser dito
em alemão ou em inglês,
pois temos orgulho bastante
para fazermos da nossa língua,
que já foi peregrina e navegante,
a pedra mais preciosa,
seja em verso seja em prosa.

E o orgulho que temos
nesta língua portuguesa,
irá do berço para a escola
e da escola para a rua,
pondo em cada palavra,
uma pepita de ouro
e uma centelha de lua,
pois afinal esta língua
será sempre minha e tua. 

2.º Ciclo: 

Cada árvore é um ser para ser em nós

Cada árvore é um ser para ser em nós
Para ver uma árvore não basta vê-la
a árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada.
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvore
com a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses


                                                                                                  António Ramos Rosa

As árvores e os livros

As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores e letras de oiro nas lombadas.

E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.

As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».

É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.


Jorge Sousa Braga


Num Exemplar das Geórgicas

Os Livros. A sua cálida,
Terna, serena pele. Amorosa
companhia. Dispostos sempre
a partilhar o sol
das suas águas. Tão dóceis,
tão calados, tão luminosos na sua
branca e vegetal e cerrada
melancolia. Amados
como nenhuns outros companheiros
da alma. Tão musicais
no fluvial e transbordante
ardor de cada dia.

Eugénio de Andrade


3.º Ciclo:


Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie - nem sequer mental ou de sonho -, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida.

Como todos os grandes apaixonados, gosto da delícia da perda de mim, em que o gozo da entrega se sofre inteiramente. E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas, criança menina ao colo delas. São frases sem sentido, decorrendo mórbidas, numa fluidez de água sentida, esquecer-se de ribeiro em que as ondas se misturam e indefinem, tornando-se sempre outras, sucedendo a si mesmas. Assim as ideias, as imagens, trémulas de expressão, passam por mim em cortejos sonoros de sedas esbatidas, onde um luar de ideia bruxuleia, malhado e confuso.

Não choro por nada que a vida traga ou leve. Há porém páginas de prosa que me têm feito chorar. Lembro-me, como do que estou vendo, da noite em que, ainda criança, li pela primeira vez numa selecta o passo célebre de Vieira sobre o rei Salomão. «Fabricou Salomão um palácio...» E fui lendo, até ao fim, trémulo, confuso: depois rompi em lágrimas, felizes, como nenhuma felicidade real me fará chorar, como nenhuma tristeza da vida me fará imitar. Aquele movimento hierático da nossa clara língua majestosa, aquele exprimir das ideias nas palavras inevitáveis, correr de água porque há declive, aquele assombro vocálico em que os sons são cores ideais - tudo isso me toldou de instinto como uma grande emoção política. E, disse, chorei: hoje, relembrando, ainda choro. Não é - não - a saudade da infância de que não tenho saudades: é a saudade da emoção daquele momento, a mágoa de não poder já ler pela primeira vez aquela grande certeza sinfónica.

Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.

Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-ma do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.

         In Livro do Desassossego por Bernardo Soares








domingo, 9 de março de 2014

Concurso de escrita Criativa para todos os Ciclos do Agrupamento D. Sancho I - Pontével


Concurso de Desenho para o 1.º e 2,.º anos do Agrupamento D. Sancho I - Pontével



Já foram selecionados os vencedores deste concurso, com a EB1 de Casais Penedos a arrecadar os três primeiros lugares. Muito obrigada às escolas de Vale da Pedra e de Casais Lagartos que também participaram. Lembramos que todos os concorrentes receberão um certificado de participação!

Confiram agora aqui os trêsprimeiros lugares:


1.º Prémio: Rodrigo Miguel Tristão, n.º 7 do 2.º I da EB1 de Casais Penedos

Parabéns Rodrigo! 


2.º Prémio: Luna Mendão Vieira, n.º 6 do 2.º I da EB1 de Casais Penedos







3.º Prémio: Lucas Milhai Lupsa, n.º 5 do 2.º I da EB1 de Casais Penedos






domingo, 2 de março de 2014

Semana da Leitura 2014


A Biblioteca Escolar D. Sancho I de Pontével comemora a 8.ª edição da Semana da Leitura. Também, e como se celebram os 800 anos da Língua Portuguesa, o mote seleccionado  para a nossa festa da palavra foi "A minha Pátria é a Língua Portuguesa", famosa exclamação de Bernardo Soares, semi-heterónimo de Fernando Pessoa, no Livro do Desassossego.


 
Ao longo de toda a Semana da Leitura 2014 e em articulação com os diversos subdepartamentos, realizar-se-ão na Biblioteca Escolar D. Sancho I - Pontével, inúmeras atividades de promoção do livro e da leitura, exposições, palestras e concursos. Destaque para o encontro com a escritora Manuela Castro Neves, nascida em Pontével, no dia 19 de março de 2014.