terça-feira, 5 de novembro de 2013

Conspiração na Escola


Não se assustem os caros leitores. Na verdade, numa semana em que se relembraram os defuntos, a E.B. 2,3 D. Sancho I de Pontével ressuscitou o terrível e sanguinário Guy Fawkes, através da recriação de um momento marcante da história de Inglaterra, o momento em que um grupo de conspiradores tentou explodir com o Parlamento Inglês e matar o rei Jaime I.
 O executante desse ato hediondo foi precisamente Guy Fawkes, um soldado Inglês. Foi também Guy Fawkes que deu o mote à actividade “Guy Fawkes Day”, uma iniciativa do Subdepartamento de Inglês e da Biblioteca Escolar. Para além da divulgação do período histórico, a actividade consistiu sobretudo na encenação da peça “A Conspiração, a Pólvora e o Ardil”, da autoria da Professora Bibliotecária, no dia 5 de novembro de 2013.

O impiedoso Sir Robert Catesby e o grupo de conspiradores 


A peça foi levada à cena pelos alunos do 9.º ano na Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense, que disponibilizou o espaço e colaborou no apoio técnico a custo zero, e a quem desde já enviamos o nosso muito obrigado.
A actividade organizada em duas sessões, a primeira para os alunos do segundo ciclo e a segunda para os alunos do terceiro ciclo, dirigiu-se a toda a Comunidade Escolar e teve como objetivo divulgar a cultura e as festividades Anglo-saxónicas e incrementar o gosto pela aprendizagem da Língua Inglesa, através de um instrumento didático que se assume nos dias de hoje como uma nova forma de comunicação no campo educativo: o teatro na escola.

A carta para Lord Monteagle que iria denunciar a tentativa de regicídio

Tomando em consideração que o teatro engloba as demais artes, sendo por isso a mais completa forma de expressão, o mesmo cria as condições necessárias para a maturação psicológica dos alunos e constitui-se indubitavelmente como um elemento fulcral na formação integral dos mesmos, nas vertentes intelectual, ética, moral, artística e social. O teatro é, antes de qualquer coisa, uma arte. Mas é uma arte que se associa à história do homem e à própria história da comunicação humana. Será pois sempre importante criar condições favoráveis ao desenvolvimento do pensamento lógico e da criatividade dos alunos e estimular a sua participação na representação de acontecimentos passados, já que a reflexão daí decorrente permite-lhes comparar e reformular os mesmos, assegurando-se deste modo a continuidade do processo cultural.
A educação e o teatro - em toda a sua multipliciadade e associado às diferentes expressões culturais tais como a literatura, a música ou a dança-, assumem-se, por conseguinte, como mecanismos primordiais de transmissão de cultura, e de ampliação de horizontes que podem levar os alunos a serem eles próprios agentes de transformação social. Quando bem utilizado, o teatro leva-nos a repensar a realidade e a querer por vezes alterar a ordem instituída, dando-nos a coragem suficiente para gritar: “O Rei vai nú!”

O executante da conspiração é levado à presença de Jaime I

Provocar a reflexão - purificar, por meio de catarse, o espírito do homem- é e será sempre a primeira função do teatro. E este, com toda a sua magia, permite que os alunos analisem o mundo que os rodeia de forma crítica e reconheçam o seu papel enquanto cidadãos formados e condicionados pelo meio em que se inserem. Assim sendo, em termos mais filosóficos, o teatro também incomoda, ao obrigar-nos a pensar o mundo.Para além disso, a utilização de técnicas teatrais promove a integração e a cooperação do trabalho em grupo e o próprio jogo teatral contribui para o desenvolvimento do equilíbrio emocional, do pensamento crítico, do corpo e da mente e logo favorece a educação e o processo de ensino-aprendizagem. A função da escola não é apenas a de ensinar conteúdos mas também, enquanto agente de formação, viabilizar formas de acesso ao lazer, à cultura, às práticas desportivas, e assim contribuir para uma integração plena dos alunos na sociedade. Ao integrar o teatro no processo de ensino-aprendizagem, a escola promove a formação integral do aluno, despertando o gosto pela leitura, promovendo a socialização e, principalmente, melhorando a aprendizagem dos conteúdos propostos pela escola. Ao integrar o teatro no processo de ensino-aprendizagem, a escola contribui para o sucesso educativo ao desenvolver características como a espontaneidade, a aceitação de regras, a criatividade, o autoconhecimento, o sentido crítico, o raciocínio lógico, a intuição, o conhecimento do grupo e de si próprio e de elementos de cultura.

Casa cheia na Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense

E no que concerne a referências culturais, Guy Fawkes entrou definitivamente para a cultura popular desta aldeia global em que vivemos - a sua máscara vende-se abundantemente nas lojas chinesas e prolifera na internet enquanto símbolo revolucionário-, embora muitos não saibam exactamente qual a sua origem. A figura de Guy Fawkes assume no entanto contornos ambivalentes: um ícone de rebelião para muitos, veja-se o filme V de Vingança, para outros a imagem de um terrorista. De cada um dos lados da barricada, há quem celebre a insurreição de Guy Fawkes e quem celebre a sua prisão. Longe de julgamentos morais, compete à escola apresentar os factos do passado e levar os alunos a querer ir mais além no conhecimento da cultura e da sociedade em que se inserem.
Por último convirá dizer que a encenação desta peça serviu igualmente para reforçar os laços de amizade entre alunos e restantes elementos da Comunidade Escolar e trazer à escola uma arte que, da Antiguidade Clássica ao advento da Web 2.0, continua a provocar um encantamento sem par!
E Senhores e Senhoras, Meninos e Meninas, Lembrai, lembrai o 5 de Novembro! A conspiração, a pólvora e a traição!  


A Professora Bibliotecária e o grupo de jovens atores do 9.º ano



Para os que desconhecem a festividade:

Na noite em que a Conspiração da Pólvora foi descoberta, 5 de Novembro de 1605, acenderam-se fogueiras para celebrar a segurança do Rei. Desde então, a noite desse dia passou a ser chamada de “Bonfire Night” ou Noite das Fogueiras.


O evento é comemorado todos os anos com fogo-de-artifício e com fogueiras onde é queimada a efígie do Guy Fawkes, o executante da Conspiração da Pólvora. As efígies são feitas com roupas velhas e enchidas com papel amassado de modo a que pareçam mesmo uma pessoa, neste caso, o Guy Fawkes.


Estes “Guys” são depois queimados na fogueira. Antes do dia cinco de Novembro é costume as crianças andarem pelas ruas com o espantalho e pedirem “A penny for the Guy” ou seja, “Um tostãozinho para o Guy”. Com o dinheiro compram estalinhos e foguetes.

E para mais tarde recordar:


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